Bangkok: A rua em cena!

Silom – suíno frito crocante

Em época de constante crescimento da cultura Fast Food, muitos conceitos emergem e muitos se confundem. E é aqui que Bangkok se torna absolutamente interessante, no conceito de Street Food… o famoso “Rango de Rua”. Muita gente confunde Street Food com Fast Food, em alguma maneira. Alguns de vocês com certeza já estiveram na Tailândia e perceberam que a velocidade com que o Pad Thai, Tom Yum, Curries, ou outro personagem recorrente das ruas de Bangkok, é servido rapidamente com salvas exceções. A falácia é crer, que “é simples assim”, como se escuta turistas comentando pelas ruas.

China Town- Sopa de pato com wonton

Justamente onde encontro uma das tantas semelhanças entre a cozinha e o cinema, porém uma das mais importantes, pois justamente é o motivo da confusão entre conceitos, a pré-produção não é nem um pouco rápida quando a busca é pela qualidade. Para que os animais e vegetais se desenvolvam da maneira correta o tempo é chave e abre as portas para os próximos passos.

Curries molhos fermentados

Grande parte dos pratos que são servidos pelas ruas, possuem um longo processo de preparação. Molho de peixe, molho de lula, pasta de camarão e assim por diante, são componentes de molhos e refogados e trazem o sabor aos característico da cozinha tailandesa para as ruas e restaurantes da metrópole. Esses produtos levam meses… anos para ficarem prontos passando pelo processo de fermentação. Os cortes, os caldos, as massas, tudo continua tendo um certo critério durante as preparações, por mais que esteja em uma esquininha de um beco em Talat Noi.

Molhos

O motivo é cultural, a relação com o alimento é intensa, assim como os sabores. Mas muito se deve ao fato do país ainda ter sua identidade diretamente conectada a costumes da zona rural, já que esse processo segue e se intensifica. Muitas  pessoas vem para cidade em busca de uma vida melhor e acabam se estabelecendo como “cozinheiros de rua”, é algo natural, que está inserido na cultura e presente na imensa Bangkok.

Silom

Na capital tailandesa, pessoas saem do trabalho e ao caminho de casa passam pelas barraquinhas coletando pratos para o jantar. Ao calor, incessante , todos se sentam nas calçadas para comer, conversar e beber. Esse é o charme da cidade, o caos e o estranho conforto dentro dele. A paisagem urbana se constrói a partir  dessa relação. E durante os 9 meses que estou em Bangkok, tenho tomado meu tempo para desvendar pedaços desse mundo… com amizade e auxílio de chefs tailandeses e de outras regiões, o entendimento dessa relação toma forma. E toma forma em um ponto crucial. Pois, este mês as notícias pelo mundo anunciavam o início de um processo de desocupação das calçadas, em prol de uma nova Bangkok, mais limpa e espaçosa.

Silom Soi 20

Em Bangkok, já não serão mais permitidos estabelecimentos de comida na rua. Esse processo promete durar até o fim do ano, esse tempo é outro. As opinões são diversas, mas o fato é que afetará o ritmo, a cultura e a sociedade da capital e do país. Mas não se assustem, zonas turísticas como o mercado da Av. Yaowaraat em China Town e a região de Khao San Rd serão preservados, afinal os Street Food Tours também atraem o turismo. Se esse processo realmente será bem sucedido e completo, não se sabe… mas a cena vai mudar e vai ganhar uma nova perspectiva.

Silom – BTS

A cozinha tailandesa está em alta, restaurantes de todos os tipos surgem ao redor de Bangkok, o que é a papo para uma próxima vez. Esse assunto deu fome, vou aproveitar enquanto posso e sair atrás de um curry.

 

Sobre o Autor:  Há 5 anos decidi que viveria por um tempo na Asia. Fazem 9 meses que cheguei em Bangkok, com idas e vindas, temporadas ao norte e ao Vietnã. Tudo muda muito rápido, o movimento é constante e acelerado. No livro “Esculpir no tempo”, o cineasta russo Andrei Tarkovski desenvolve uma argumentação a respeito da especificidade cinematográfica em relação ao tempo. Para ele é onde habita a unicidade do cinema. Como Cinematógrafo e Fotógrafo, isso sempre ficou na minha cabeça. Tarkovski se aprofundava nas questões temporais da imagem, mas e o outro tempo? O tempo da criação e da produção? Esse me interessa, rastros claros do processo, entre as artes tende a ser nítido. Certa vez uma mestra me disse, que no trabalho do artista deve ser notável o sofrimento. E o tempo é geralmente o vilão. Ou é muito, ou é pouco. Nos adaptamos, corremos, esperamos… e isso transborda pelo ritmo cotidiano do bicho urbano. O motivo da minha vinda é o símbolo da necessidade de conhecer o tempo. Comida. Sempre me chamou atenção a gastronomia asiática… até mesmo o popular e menosprezado miojo (rs)! E claro uma simpatia nada inusitada pela a região do sudeste, onde o clima e a paisagem tanto se assemelham a regiões do Brasil. Montanhas de temperaturas mais frescas ao norte da Tailândia se confundem com regiões de serras ao sul do Brasil. Calor, praias e o ritmo do nosso Nordeste, se relacionam naturalmente com a popular região das ilhas ao sul. Pescados, grãos, frutas, ervas, cozidos e grelhados… vemos muitos conhecidos pelas mesas, feiras e cozinhas da Tailândia. Mas a cara é outra e o tempo também.

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