De todas nossas aventuras juntos, com certeza o nascimento da Olívia foi a experiência mais forte que vivemos. Ter a possibilidade de viver um trabalho de parto respeitoso, junto com o meu parceiro foi a melhor ritual para o inicio dessa nova família.
Segue o relato desse dia tão especial, contado pelo pai:
Equipe do Parto:
Médico Obstetra: André Gervásio
Enfermeira Obstetra: Tatiana Lattanzi
Doula: Letícia Pimentel
Pediatra: Michele Thomaz
Vale ressaltar a importância do parceiro em participar de todas as etapas do pré-natal da mulher, e também da fisiologia do parto, buscando sempre mais conhecimento, engajamento, para que possa prover o maior suporte possível para a companheira. Além de tornar o processo mais suave, é simplesmente empoderador ao casal passar por esta fase juntos, pois eleva os sentimentos de companheirismo e atenua completamente a fase do puerpério da mulher sobre o homem.
Durante o último domingo de outubro (28/10/18), a Fabi passou a perceber que o tampão estava cedendo, o que era um grande prenúncio para o início do trabalho de parto.
Antes de iniciar o relato do trabalho de parto propriamente dito, não podemos deixar de contextualizar o período em que ele se iniciou, já que no dia anterior estava sendo realizado o segundo turno das eleições presidenciais e para governador no Brasil, e já saberíamos o(s) ganhador(es). Independente de quem ganhasse, era uma situação estressante, haja vista a polaridade que se formou durante todo este período, sem contar a passionalidade com que o assunto era abordado, especialmente nas redes sociais, o que acabou por “carregar” energeticamente o ambiente, deixando-o bastante estressante e pouco produtivo para discussão de ideias – até pela simplicidade com que elas são de fato discutidas por leigos (nós).
Apesar de todas estas circunstâncias, procuramos, eu e a Fabi, nos manter afastados, na medida do possível, dessas discussões políticas, desse ambiente, já que queríamos proporcionar durante a gestação da Olívia a atmosfera mais agradável possível, em que apenas os sentimentos de amor, gratidão e ternura fossem preponderantes. Portanto o domingo, dia 28/10/18, não foi um dia muito tranquilo, mas recheado de tensões, em que não descansamos muito durante o decorrer do dia, chegando a noite bastante exaustos (emocional e fisicamente).
Pois nesta madrugada, uma hora e meia após nos deitarmos, por volta da meia noite e meia (00h30), ocorre o rompimento da bolsa, deixando-nos bastante ansiosos e muito felizes sobre os próximos passos. Prontamente acionamos a equipe do parto (Humanize), e ficamos no aguardo dos próximos passos. A equipe nos informou para tentarmos descansar, e ir avisando conforme as contrações fossem evoluindo (ou não).
A Tati (enfermeira Obstetra) chegou aqui em casa (por volta das 2h30), avaliou a Olívia e a Fabi, ratificou que tudo estava bem e que era para tentarmos relaxar, pois o TP (Trabalho de parto) estava iniciando, e muita lenha iria queimar ainda, e por isso ela iria pra casa descansar um pouco, e viria mais adiante quando fosse necessário.
Acontece que para a Fabi, o trabalho de parto seria muito rápido, e ela até temia ficar sozinha e parir a Olívia de uma hora para outra estando ainda em casa – ela menciona isso algumas vezes, e inclusive dizendo que sonhou com esta cena – portanto não era muito confortável para ela não ter a equipe em casa, já que as coisas estavam andando e podiam estar até adiantadas (Rsrs).
E quando, de fato, chegou a primeira contratação de parto (por volta das 4h00), o temperamento dela se alterou e mandou eu ligar imediatamente para as meninas (Letícia e Tatiana) para que elas viessem para cá, pois as coisas estavam andando bem.
As meninas chegaram por volta as 4h30 aqui em casa, e desde este momento não ficamos aqui em casa nenhum minuto sem a assistência de ao menos uma delas. A equipe foi muito atenciosa durante o processo todo.
As contrações do parto surpreenderam a Fabi, que apesar de imaginar que elas fossem intensas e doloridas, não seria tanto assim, já que ela é realmente bastante resistente a dor e é bem persistente. E essa surpresa fez com que ela guardasse as energias após uma contração para suportar a próxima, evitando assim qualquer posição que favorecesse a redução do intervalo entre elas (ficar de pé, caminhar, entre outras coisas), e por consequência a “evolução” do processo, até pelo medo de ter o filho rapidamente em casa. De fato, tudo ocorreu respeitando demais as vontades e tempo da Fabi, e isto foi um dos grandes pilares para o sucesso da empreitada.
Esta primeira fase do TP foi bastante visceral. O tempo foi passando, e a Fabi foi variando as posições de espera entre contrações, sendo a preferida, a sentada na bola de Pilates. Durante a contração a melhor posição era ficar em pé, com o tronco inclinado contra a parede/cama/guarda roupa, etc. Ela foi descobrindo que deitada, as contrações eram mais fortes, e quase sempre provocavam náuseas.
Basicamente considero que a fase ativa do trabalho de parto iniciou após a Fabi passar uma hora sentada na Bola de Pilates, embaixo do chuveiro, que foi praticamente das 15h20 até as 16h30 – em que ela só saiu dali porque a água quente cessou, e ficou desconfortável ficar recebendo água gelada. Durante todo este período fiquei ao lado dela pronunciando palavras de amor, de superação e de meditação. E deu certo! Incrível a sensação de fazer parte do processo, de poder ajudar, demonstrar um pouco de carinho e conforto para a Fabi. De fato, o parto é muito do casal!
Bom, esse “descanso” no chuveiro foi providencial para que ela reunisse energia, e entendesse que era hora de tentar outros movimentos, especialmente os praticados no pilates e/ou nas seções de fisioterapia pélvica com a Doula Letícia. ((Acho que o fato de saber que horas eram (quase 17h), fez com que ela quisesse de fato “acelerar” o processo. Além disso, a Fabi também não estava nem um pouco confortável com a hipótese de passar muito das 24h em trabalho de parto, devido as dores e a possível falta de energia.))
E aí iniciou a parte “ativa”, em que eu me senti presente mais do que nunca no processo, já que pude prover todo o companheirismo e afeto que sentia pelo momento. Foi um momento muito especial, pois uma das formas de acelerar o TP era se movimentar e demonstrar amor/carinho um pelo outro, e nós dois dançamos muito pelo quarto, conseguimos conversar, sensualizar, sentir de fato toda essa passagem, esse ritual de acolhimento da chegada nossa fadinha maravilhosa. Foi uma das etapas mais emocionantes e significantes do nascimento da pequena Olívia – e da minha vida-, e também ratificou completamente a importância do companheiro estar presente de fato durante o trabalho de parto, evidenciando que é um processo totalmente do casal, e não apenas da mulher.
É um momento lindo de união, em que se afirmam ainda mais as relações do casal, da família que está germinando e tomando forma. Difícil imaginar um trabalho de parto sem a presença do companheiro agindo de fato como um companheiro, já que a mulher fica totalmente atarefada com a(s) tarefa(s) “diretas” de trazer a luz com a máxima segurança e saúde do bebê.
Ficamos nesta toada deliciosa até praticamente o tempo de nos dirigirmos para o Hospital, já que eram quase 20h30, e o processo estava ficando cada vez mais desgastante.
No hospital, o André conversou com a Fabi, e sugeriu a aplicação de soro com um pouco de ocitocina para regular um pouco as contrações, o que prontamente aceitamos, e a partir dali as coisas seguiram mais intensas, de forma que nem vi o tempo passar, e logo a Fabi já estava no período do expulsivo.
Simplesmente não pude conter a emoção de começar a receber a Olívia – sendo a primeira pessoa a encostar nela.Os olhos marejaram e perdi completamente a fala. Não conseguia falar nada, nem perguntar se estava tudo bem (porque no fundo sabia que tudo estava perfeito), e foi de uma significação sem igual o momento em que a Olívia passou para os braços da Fabi. Ali iniciou um contato entre elas duas, que deixou todos na sala de parto impressionados, tamanha a naturalidade com que a coisa aconteceu. As emoções transbordavam, e a Olívia era de fato muito linda, carinhosa, e logo já foi pro peito. Que momento! Que momento!
Eu já sabia que seria incrível, pois todas as pessoas relatam sobre a emoção de segurar o filho pela primeira vez e/ou vivenciar esta experiência, então a minha expectativa era altíssima, e mesmo assim, mesmo sabendo que seria muito bom, com a expectativa alta, conseguiu ser o momento do qual eu nunca mais vou esquecer. O melhor momento que já pude presenciar em vida até hoje. É simplesmente amor. Ou melhor, totalmente amor. Amor, amor, amor! A mais completa personificação do que é querer o bem, na mais profunda, pura e genuína intenção. Enfim, a emoção de ser Pai!
Parabéns Fabi!
Que lindo texto!
Conforme fui lendo, achei que iam tentar um parto domiciliar, hehehe.
Mas que bom que deu tudo certo!!!
Abraços
Parabéns habitantes do mundo!!!Muitas aventuras pela frente!!! ebaaa!