Istambul – é um lugar seguro para viajar?

Quando você se prepara para uma viagem, muitas preocupações surgem… O vôo pode atrasar e uma conexão ser perdida, a mala pode ser extraviada, a maioria dos aeroportos fica longe das cidades, então como chegar até lá? E se o cartão de créditos não funcionar? E se o hotel que você reservou for ruim?

Porém, algo que você jamais espera é que na véspera do tão esperado embarque, o seu destino seja alvo de um ataque terrorista ou que um dia antes ocorra uma tentativa de golpe militar no país. E foi exatamente o que aconteceu.

No dia do primeiro ataque, antes de irmos, a incerteza tomou conta dos nossos pensamentos. Será que valia a pena ir? Os amigos comentando: “se fosse eu reconsideraria a ideia”… A situação acalmou, decidimos manter a viagem. Mas ai, na sexta feira, UM DIA antes do embarque, mais um motivo para pensarmos melhor… Fomos dormir sem saber se pegaríamos ou não o voô no sábado de manhã. O medo não venceu, fomos… Confesso que com uma bagagem extra para a insegurança. Não tinha como não entrar em um trem, ônibus, avião ou andar na rua sem pensar: “pode ter uma bomba aqui”. Mas valeu a pena e espero que esse post demonstre o porque.

Istambul

Me apaixonei por Istambul desde o momento que sai do aeroporto… Como o golpe militar havia fracassado, chegamos em meio a um clima de vitória, havia bandeiras por toda parte e um povo orgulhoso com o triunfo da democracia.

Ficamos dois dias lá e eu achei pouco…

Atrações:

Mesquita Azul

Essa foi a nossa primeira parada turística oficial. Lá não pode entrar com roupas curtas, ombros e cabelos de fora (eles dão uma roupinha para quem não estiver preparado). Localizada na Praça Sultanahmed, a mesquita é linda! De canto a canto do chão com um tapete super fofinho, e nas paredes cheia de azulejos azuis (por isso o nome). Ainda está ativa, porém aberta para visitação, então precisa conferir os horários antes de ir. Para mim, a parte mais legal é ficar admirando a arquitetura do lugar.

Tempo necessário – de 30 minutos a uma hora.

Aya Sofia

Logo do outro lado da praça, fica a Aya Sofia… Essa sim tem uma história cheia de reviravoltas, o lugar já foi igreja, mesquita… já pegou fogo e continua lá. Muito bonita também, mas hoje é ponto turístico e tem que pagar (40 liras turcas) para entrar (na mesquita azul não precisa).

Tempo necessário – de 30 minutos a uma hora.

Cisterna

O passeio é rapidinho, mas super interessante.

Um lugar enorme escondido no subterrâneo, herança do império bizantino que abastecia o Grande Palácio e a cidade. São 336 colunas que sustentam o local e o mais interessante é que a maioria delas eram colunas de prédios históricos (presentes de outros impérios).

Tempo: 30 min no máximo

Castelo Topkapi

Super vale a pena visitar… Construído pelo Sultão Mahmet II, ainda nos tempos de Constantinopla e famoso por sua extravagância. É um castelo que não tem nada a ver com qualquer outro estereotipo de castelo europeu, como Versailles e Sansouci. Dá para separar um tempo bom para ficar lá, pois é enorme, repleto de pátios, jardins e salas de exposições com armas, jóias, móveis e artefatos de cozinha. É mega arborizado e uma boa dica é aproveitar pra descansar um pouco em baixo de alguma árvore por lá… foi o que fizemos. Uma das partes mais legais e que fica por último é a vista para o lado asiático e para o Bósforo.

Tempo:Aproximadamente 2 horas (ou até 3)… se você gosta de ficar observando as paredes lindas de azulejos, os detalhes em ouro…

Bazar de Especiarias

Apenas uma palavra: VÁ!

Um lugar que reflete muito o povo turco e sua cordialidade. Mesmo não falando a mesma língua, a comunicação era excelente… Eles são extremamente simpáticos (ou interesseiros) e o passeio foi muito divertido. Meu pai que não entende uma só palavra em inglês, muito menos em turco, adorou o lugar e super “conversava” com os vendedores.

Alguns lugares não são para ser descritos, mas vividos e para mim esse foi um deles. Infelizmente, o nosso guia tinha reservado apenas 45 minutos. Fiquei bem triste de ter que ir embora. Queria muito ter ficado mais, vale muito a pena gastar no mínimo umas 2 horas lá.

Grand Bazar

Se o intuito é deixar algumas liras, reserve um tempo grande, uma tarde toda no mínimo. O lugar é GIGANTE, são aproximadamente 4.000 lojas, porém a variedade não é tão grande, basicamente são lojas dos famosos lustres coloridos da Turquia, de porcelana, e muita, muita loja de imitação… nunca vi tanto tênis e bolsa na vida (Paraguai feelings).

Existem guias que fazem tours só no Grand Bazar, o que é uma boa para não perder tempo lá dentro. Caso vá sozinho: os corredores principais/maiores são os mais caros. Conforme vai adentrando o lugar, vai ficando mais barato… Ah, pechinche! Turco é turco. Eles sempre irão dar um valor super alto de primeira. Tem muuuuuuitos turistas que não sabem dessa “prática” e aceitam, mas nós brasucas jamais. Em quase todas as lojas compramos pela metade do preço original. Mas não precisa exagerar, se o produto já for barato, aceite de primeira, fica até feio pedir desconto em um chaveiro que já custa apenas 2 liras. Eles usarão de todas as suas artimanhas para te conquistar e convencer a comprar, fui pedida em casamento 3 vezes, um deles até se ajoelhou e beijou as mãos do meu pai.

Outra prática é servirem chá beeeeeem quente. Assim você precisa ficar na lojinha por bastante tempo até que o chá esfrie e, consequentemente, acaba comprando…

Particularmente, achei o Bazar de Especiarias mais legal… mas o Grand Bazar é o lugar certo para “garimpar”. E sim, a parada é obrigatória.

Da parte europeia de Istambul foram esses os lugares que visitamos. Fora eles, é uma delícia se perder pelas ruazinhas dessa encantadora cidade. Os turcos são mega acolhedores, você fará amigos em cada loja/restaurante/café que entrar.

Alimentação:

TUDO é baseado a KEBAB. Vários molhos, mas sempre com essa carninha. É muito barato se alimentar na Turquia, por cerca de 5 dólares come-se uma refeição… então não tem muito segredo, afinal os restaurantes e cafés estão por toda parte.

Não deixe de experimentar o famoso kebab (não que você tenha escolha hehe), a pide (como uma esfirra), os doces turcos, as frutas secas, cerveja EFES (não espere uma gelada eim) e shot de RAKI.

Testi Kebap – pedida obrigatória. É um prato super típico e tem toda uma apresentação para servi-lo. Os ingredientes são: kebab cozido em um pote de barro com tomate, alho, pimenta do reino, orégano, manteiga, sal e massa de tomate. Tudo isso fica cozinhando por 4 horas dentro de um jarro de barro (calma, já vai estar pronto quando você chegar). Eles colocam fogo no jarro e o quebram na sua frente, enquanto você vai cantando, batendo palmas e interagindo.

Créditos

Como fomos em uma época que o turismo estava extremamente em baixa, era muito engraçado passear na rua a noite, os garçons praticamente nos puxavam para dentro dos restaurantes e cada um oferecia alguma coisa grátis caso entrássemos. Optamos por um que serviu arguile e tai (chá) de sobremesa, por conta da casa.

Indico: Hamdi Et Lokantası – Bem legal e calmo (coisa rara de se encontrar na agitada Istambul). Fica do ladinho do Bazar de Especiarias (se você estiver de frente para o Bazar e olhar para cima a sua direita vai ver o nome, pois o restaurante tem um terraço bem legal) e é uma ótima opção para almoço. Peça para ficar no último andar e aproveite sua refeição com uma vista linda. Como o local era mais refinado, achei que os preços seriam bem maiores, mas não variou muiiito dos restaurantes mais simples e valeu a pena. A noite deve ser lindo também!

Hospedagem:

Istambul oferece muitas opções de hospedagem, e para todos os perfils de viajantes, desde grandes redes, hotéis luxuosos ou menores, pousadas e albergues com preços para todos os bolsos, desde 9 por uma cama em uma hostel a 25 dólares por um quarto duplo. A partir de 30 dólares para dois, já é possível encontrar uma acomodação mais confortável.

Infelizmente, não pudemos conhecer muito da vida noturna de Istanbul. Por causa dos acontecimentos fomos orientados a ficar próximos ao hotel.

Istambul é uma cidade INCRÍVEL. Não tem outra palavra para descrevê-la. Mas é MUITO grande e tem MUITA coisa para ser vista, por isso contratar um guia é uma maneira esperta de otimizar sua viagem, e conhecer o que melhor esse lugar tem a oferecer.

Dica:Contratamos um guia, (para um grupo de 10 pessoas) que falava espanhol, o que foi a escolha mais inteligente da viagem. Dá muito mais segurança ter alguém te esperando lá fora, ainda mais com os acontecimentos recentes, ele fez o transfer do aeroporto até o hotel e íamos para todos os passeios de carro com ele.

Deixar Istambul foi um misto de alívio e tristeza. Deixar Istambul (e a Turquia) significa deixar para trás milhares de pessoas maravilhosas que sobrevivem diariamente com o medo que sentimos nos 6 dias no país. Afinal a vida é sobre arriscar né, e são nessas situações que nos sentimos vivos, que valorizamos a nossa vida, o nosso país…

Esses dias me fizeram refletir um pouco sobre como só o amor é capaz de salvar o mundo e a humanidade. Se existisse mais amor nada disso aconteceria. Love is the answer, my friend!!!

Ainda falta muito para contar sobre essa cidade maravilhosa, como a parte asiática, o passeio pelo Bósforo, o tradicional café turco e também o famoso banho turco, mas isso tudo ficará para o próximo post.

Espero que gostem e curtam o blog .

Güle güle! Allahaısmarladık! (Tchau!).

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